... nas minhas pálpebras. Algo que me disse que era hora de parar, que não teria volta, que R$ 24,00 não pagaria o preço.
Então mas uma vez eu abandonei o barco, peguei um daqueles barquinhos pequenininhos, que ficam amarrados do lado do navio, e dei no pé, antes que eu me mesclasse a embarcação, e tudo perdesse de fato o valor.
Mas eu não entendo. De duas uma, ou eu tenho uma coisa a menos, que faz com que eu não suporte algo que pros outros é totalmente normal, ou eu tenho algo a mais, do qual eu preciso abrir mão, se eu quiser viver do jeito normal.
Tanto faz, na verdade. (Sub-)Emprego é só você chutar uma árvore que caem meia dúzia de ofertas. O problema não é esse. Alias, o problema não está no cérebro, na parte lógica, o problema todo começa na traquéia, vai descendo, descendo, e se instala bem no meio da caixa toráxica, encima do estômago. É a sensação de um beliscão sem dor, um incomodo, uma coceira incossável. É a sensação que você disfarça com cigarro, com bebida, com TV aos domingos, saindo de casa pra falar bobeira com amigos, mas é a sensação que continua ali, presente, no seu dia a dia. É uma sensação que não está ligada a não ter emprego, a não estar fumando, ou qualquer outra alternativa, é uma sensação que está lá, ligada ao fato da sua vida de alguma forma, não ser do jeito que você queria. Ligada ao fato das coisas estarem caminhando pra uma direção que você nunca escolheu, sensação de que o remo do seu barquinho de fuga não é o suficiente pra enfrentar droga nenhuma, e que já está tudo perdido. É a sensação que fica entre o seu último suspiro de liberdade até o seu último suspiro. E ainda chamam isso de vida real...
...Real eu aceito, porque é bem uma provável verdade; mas é heresia chamar de vida. É qualquer outra babaquice que os virgens inventaram.
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