domingo, 4 de julho de 2010

O sétimo dia.

No dia lixo
o Vitor lixo
se levanta e começa a viver

Ele, há meses não sabe pra que acordar...
Ele acorda mesmo assim.
Ele, há meses está cansado desse mundo, de viver desse jeito vazio...
Ele vive mesmo assim.
Porque é assim que ele aprendeu,
Porque é a única alternativa...
Ou porque a outra é muito pior.

Monkey see monkey does,
Eu também esperava mais do mundo.
Em algum lugar da minha memória
tem algum mundo sob medida para todos nós.
... O que aconteceu com esse mundo?
Comi.
Você queria um pedaço?
Morre.

Eu me importo com os pensamentos.
O cérebro se divide em dois,
a parte legal que só sabe sentir tudo o que é vida
E a parte babaca,
que de verdade, não serve pra nada.
Só está ai pra parecer que somos úteis.
Estraga todos pensamentos que toca
pondo neles um sentido.

Quando comecei, menti.
Disse que o Vitor lixo acordava.
Estou aqui, evitando dormir
fingindo que assim
posso me tornar meu Deus,
e parar de separar bom de ruim,
certo de imoral, babaca de divertido,
fingindo que assim
mato o babaca dentro do meu cérebro.

Acho curioso,
rio, quando penso sobre:
Existe um tempo limite,
pra alguém ficar acordado;
Mas o inverso não existe.
Dormir é infinito
E o infinito sempre me atraiu.
(Quem é o babaca,
além de Deus,
que se atrái pelo infinito?)

---

Pare.
Shhh, você pode ouvir?
É o meu estômago
informando que a geladeira
está tão vazia quanto ele,
quanto esse dia.

Meu corpo é comunicativo.
Abaixo da caixa toráxica, do lado esquerdo
está a mais nova mania dele...
É que lá,
ele pôs uns terminais nervosos,
e toda vez que por cigarro ou álcool
eu faço mal pra ele
ele faz eu cair e contorcer de dor.
Acho um jeito engraçado
de mandar tomar no cu.

(Por Vitor Suzuki, 03:00, Domingo 28/06/2010)

Num mundo feliz
as pessoas não teriam que sair
da perfeição do lar,
da plenitude do ninho.

Eu visto o tênis,
sendo que eu era feliz descalço.
Pego a chave,
sendo que eu não tenho um bom motivo para voltar.
Coloco a carteira,
mesmo não valendo nada
faz eu sentir
que sou parte desse mundo.

O telefone toca,
pra me lembrar que estou atrasado,
que não faço nada direito,
que tanto faz, porque eu desliguei já.

Voltando, se o mundo fosse perfeito,
ninguém sairia de casa.

(Por Vitor Babacão, as 11:01, segunda-feira 28/06/2010)

De repente, não mais que de repente
eu ouço um acorde,
de uma musica antiga
que havia parado de ouvir.
Então as paredes desabam
e meus olhos queimam tudo,
tudo o que existe entre mim e o horizonte,
tudo o que me separa
de quem eu realmente sou,
Eu sou o horizonte;
Eu sou o monstro da sinestesia;
De repente, eu sou o pensamento.

(Por Vitor ao som de DOD, 12:45, segunda-feira 28/06/2010)

Acendo um cigarro na minha mente,
e penso sobre as decisões que devo tomar.
É engraçado, ver o céu
e perceber que o tempo que passo aqui
não me faz melhor, nem mais inteligente.
É engraçado, respirar
e sentir que estou com medo do futuro,
que já não acredito mais em mim;
sabendo que a força está indo embora
mas só consigo me preocupar
em conseguir outro abraço teu.

Vejo um carro passar.
Vejo os galhos de uma árvore
que se mexem ao vento.
Parece que falta ar aqui.
Como se essas palavras que saem de mim
ocupassem
m u i t o
e s p a ç o . . .
Minha garganta aperta,
preciso parar
de escrever.
Vou ligar pro 191...
Dizer que preciso falar com quem me ame
pra saber que vai ficar tudo bem.

(Por Vitor, 12:45(?), segunda-feira 28/06/10)

A cada passo
sinto o mundo sumir
em devaneio e solidão,
e no delírio da escuridão
ouço somente minha voz
minha canção sem fim
sem pé, nem cabeça,
que apenas existe
para mostrar que 
ninguém é sozinho em si.

You should stay
Nós beberiamos até a ultima gota de vida que há na noite
Then you'll see
Que eu sou seu caminho assim como você é o meu
And when i get lost on you
Talvez eu finalmente ache o que abdiquei todos esses anos
I drunk, I junkie,
To finally shut up all that voices
Vozes essas, que caladas param de impedir
que eu sorria, que eu acredite
que mesmo o mais estúpido dos humanos
pode até sentir a dor que sinto
fazendo com que tudo, talvez, numa breve hipótese,
Tenha ainda esperança.

(Vitor lost in time, 29/06/2010)

Não quero escrever como Vinícius,
Nem como nenê, Thay, ou Chico.
Nem quero ser o número um,
Muito menos que exista algum número.
De que vale escrever lindos textos
se não sou de fato lindo?
De que vale escrever o que não sinto?
Quero escrever como meu coração,
como os meus passos, perdidos pelas ruas.
Quero escrever como vivo
e viver como escrevo.
E se ao final de tudo isso
tudo for em vão
saberei ao menos que fui leal
ao que disse o coração.
(Por Vitor Suzuki, 4:25, terça-feira 29/06/2010)
Distraído, dou um passo em falso,
caio dos meus pensamentos de rotina
para o meu futuro calabouço.

Vejo-me na rua, a mendicar
a pedir à quem me odeia
uma chance de viver.

Posso ver, como em um filme da madrugada
meu aluguel atrasado, meu leite azedo
e só uma garrafa de vodka a me acompanhar.

Vejo o mundo se desfazendo em fumaça
o sangue endurecendo nas veias de meu pai
e apenas um anjo triste vindo me salvar.
(... e ainda me perguntam por que eu fumo...)

(Por Vitor M. E. Suzuki, 13:30, 30/06/2010)

Leva um tempo pra alguém te machucar de novo.
Leva um tempo pra re-preencher o vazio.
Mas cedo ou tarde acontece
e é bom saber disso.
Nada absoluto existe,
nem o vazio absoluto,
muito menos o preenchimento absoluto...
Confúcio errou,
o melhor caminho
ó o zigue-zague;
é lá que está a vida.

(Vitor, 23:20, quarta-feira 30/06/10)

Fico triste
ao pensar no que me faz feliz.
As vezes o mundo da minha varanda,
o dos pensamentos de cigarro,
fica tão distante do mundo real.

Meu mundo, eu construo com risadas,
amigos, conversas, mordidas, abraços;
O mundo que me foi dado
é como um buraco negro de espelhos,
que vai distorcendo toda a realidade
até se perder em escuridão.

Não sei o que era suposto que eu fizesse.
Deveria eu ter me jogado dos céus
e ignorado tudo de verdade que havia,
ou deveria ter ignorado toda a vontade e esperança em mim?

É só mais um dia comum
eu vou matar o tempo
com amigos e pensamentos
e fingir que o cronometro
não está se esgotando,
que não são essas
as últimas vezes que te vejo aqui.
Seu tempo está acabando,
e do meu buraco negro de espelhos,
só posso refletir suas últimas dores,
seu desespero quase infantil
ao ver que tudo está desmoronando.

(Vitor Suzuki, 11:37, quinta-feira 01/07/2010)

Não quero dormir.
Eu até gosto de descansar
sentir minha consciência esvair.
Mas não quero dormir,
porque eu não quero acordar no amanhã
não quero ter um dia todo pela frente,
não hoje, nem amanhã;
Gosto de onde estou
de olhar a minha volta
e ver que o dia acabou.
Não há mais nada pra fazer,
já fiz.
Nada mais com que se preocupar,
já passou.
Passou tudo, minha ultima atividade
seria apenas dormir meu sono,
mas deixe-me saborear este último momento
senão meu dia terá sido em vão.

(Vitor Suzuki, madrugada de quinta 01-02/07/2010)

Acordei com uma moto-serra no ouvido,
todo um concerto de moto-serras.
Tive que sair comprar pão no super-mercado,
Todo mundo resolveu comprar na mesma hora.
Comprei cigarro solto ruim
e ainda paguei caro...
Olhei pro horizonte e falei
"Hoje vai ser um dia perfeito,
filha da puta"

(Vitor Suzuki, 11 e vuvuzela, sexta-feira 02/07/2010)

E no sétimo dia, Deus descansou,
Algumas pessoas não sabem o que é descansar...
Não é uma rede, água de coco e ócio.
Descansar é ter amigos.
É passar a tarde toda conversando,
falando bobagem, jogando truco;
descansar não é algo que se faz sozinho,
é impossível descansar de si próprio sozinho.
Todos os outros seis dias de trabalho
foram apenas para isso,
para que ele tivesse alguém
algum lugar,
amigos
com quem descansar.
"Quem é o babaca
que se atrai pelo infinito
de si próprio?"

No sétimo dia,
eu pude dizer:
-valeu a pena,
a vida.

Por Vitor Mitsuo Estevam Suzuki
No sétimo dia,
evitando dormir.
03/07/2010

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